Essas associações – as provocações de Tino Sehgal

Saí do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio após 3h de me deparar com algumas pessoas com movimentações curiosas. Tentei sair por 4 vezes antes disso, mas sempre algo me chamava atenção e me atraía novamente para dentro do museu.
O que ocorria dentro era uma “situação construída”, termo adotado por Tino Sehgal (cunhado pela Internacional Situacionista), que elabora este tipo de “performance” executada por “pessoas comuns” a quem seleciona com auxílio de sua equipe.

Foto de Claudia Wer

Foto de Claudia Wer

Nas três horas que fiquei lá, tentei participar e assistir das mais variadas formas. De início, passei diretamente por eles e fiquei lá de cima da rotunda observando-os cantar algo que me parecia um mantra que posteriormente pude ouvir mais atentamente e decifrar algumas expressões como “elementary forces” (forças elementares), “natural processes” (processos naturais). Em um momento oportuno, perguntei aos performers e uma delas me disse que o canto tem origem nas palavras de Hannah Arendt, filósofa alemã (conhecida pela polêmica de seu livro Eichmann em Jerusalém e a discussão da banalidade do malmais informações aqui). Após uma pesquisa rápida na internet, descobri que o mantra é feito a partir do livro “A condição humana” em que se aborda a instrumentalização das relações humanas.

Após assistir um pouco do segundo andar, parti para a imersão e comecei por seguir os movimentos dos participantes. Rapidamente fui abordada por uma delxs, que me contou como a partir de um momento de depressão e desespero descobriu a meditação. Todas as pessoas que me abordaram pareciam estar realmente envolvidas com suas histórias e procuraram evidenciar a sensação que os levava a contar aquela história, como a sensação de reconhecimento, de estar desapontado, de frustração, muitas delas mostravam o nervosismo evidente de se abordar um estranho para contar uma história pessoal.

Enquanto não estavam cantando ou contando histórias, elxs corriam, andavam muito lentamente ou faziam jogos de movimentos entre eles e também envolvendo os observadores, mas sempre formando algum tipo de agrupamento em sequências de trajetórias da multiplicidade em meio as mais diversas pessoas que compõem o elenco.

Tive a oportunidade de conversar com diversos dos participantes no horário em que estive lá e presenciar até uma delas se desculpando por estar envolvida em algum problema pessoal e não estar contando a história tão bem ou outro ser surpreendido quando descobri que tínhamos um conhecido em comum e perder o fio da meada. De qualquer forma, acho que estes momentos só reforçam a poética da situação, da emoção que emerge das histórias e das relações estabelecidas.

Esta performance parte de lembranças e de memórias dos participantes para criar, pelo menos em mim, momentos memoráveis que se tecem a partir da real conexão entre público e obra, produção de presença na relação olho no olho e de uma intimidade efêmera. Após horas, ouvindo, conversando, correndo, cantando e rindo com aquelas pessoas, finalmente consegui ir embora. Quando saí do Centro, foi estranho andar nas ruas, continuar meus movimentos automatizados, sentar no metrô e encarar as pessoas, estranhas, olhando para o chão, para o teto ou suas telas, todas tão solitárias e adormecidas. Essas associações toca pela sua naturalidade, e pode até ser uma situação construída, mas seu valor existe em sua dose de emoção verdadeira. De certa forma, há uma relação com o último post sobre a peça Sleep No More, sobre este distanciamento cada vez mais presente nas relações humanas e sobre a ansiedade que senti em encontrar alguém naquele ambiente e o uso da máscara para reforçar esta verdade que já existe em nosso dia a dia, sobre como ignoramos todos ao nosso redor em nossas trajetórias diárias.

Enfim, vale a visita e as próprias experiências, para quem ainda não viu, Essas Associações está no CCBB Rio de Janeiro até quarta-feira, 23 de abril de 2014. E para quem está em São Paulo, ou de passagem por lá, Tino Sehgal está apresentando mais 4 situações na PINACOTECA até 4 de maio. Se você já assistiu, ou se ainda for, me conta como foi a sua experiência, afinal o que precisamos são realmente essas associações. 😉

Abacateiro acataremos o teu ato

“Abacateiro acataremos o teu ato” assim inicia a música “Refazenda” de Gilberto Gil, mote para a performance que realizei durante a 4a. edição do Hiperorgânicos, um Laboratório Aberto de Pesquisa em Arte, Hibridação e Bio-Telemática.

Diante do tema “Ressonâncias” do evento deste ano, a performance surgiu da conexão entre aspectos de meu cotidiano que relacionassem a música, a planta e a minha pesquisa sobre a relação entre sistemas sensoriais artificias e o corpo humano, assim como a minha prática em visualização de dados. Desta forma, a música Refazenda foi escolhida por uma paixão antiga entre o canto e a música popular brasileira, mas também pela sua natural conexão com os temas do evento Hiperorgânicos. Além do verso inicial da canção, o jogo entre as expressões “renda”, “refazenda”, “refazendo tudo” na estrofe final me aludiu a noção de rede, também relacionada ao universo botânico pelo famoso conceito de “Rizoma” de Gilles Deleuze.

No entanto, Refazenda não foi escolhida somente por seus versos, mas precisamente por seu fruto, o abacateiro. Coincidência ou não, tenho o privilégio de morar em um local envolto de natureza em que os abacates se manifestam até a mim através de um processo natural, o deliciar de meus cachorros. Pode parecer trivial, mas a muda de abacateiro para quem cantei durante a performance, foi germinada a partir de uma semente que apareceu em minha varanda, trazida por meu cão Tião. O processo da performance começou meses antes da apresentação no evento, ao me relacionar diariamente com aquela planta.

DSCN2240

Para a apresentação, adaptei uma visualização que havia desenvolvido para o experimento “Corpo Homem, Corpo Planta”, colaboração com Guto Nóbrega. Na performance, utilizei a imagem obtida por uma câmera 3D para gerar um sistema de partículas que desenhavam eu e o Abacateiro. As partículas seguiam o contorno de nossas silhuetas e seus tamanhos seguiam os dados obtidos (condutividade, luz e umidade) em tempo real, já seu movimento era influenciado por minha voz. Após a primeira etapa, me direcionei para o lado externo ao evento, o famoso “bosque”, e aí sim plantei uma outra semente encontrada já germinando no solo de minha casa.

abacateiro-barbaracastro03

Esta performance surgiu de uma visão despretenciosa de meus hábitos cotidianos: brincar com o cachorro, molhar as plantas, cantar Gil, etc. e reforça a possibilidade de experiência estética em nosso dia-a-dia. Mais do que um espetáculo, acredito que a performance relembre a beleza dos processos da natureza e da relação entre seres vivos. Gostaria de agradecer à Guto Nóbrega e Malu Fragoso por promover este evento incrível em que artistas podem colaborar, experimentar e se relacionar de forma tão espontânea e sincera. Agradeço também a todos os participantes do Hiperorgânicos por uma semana emocionante e inesquecível.

UPDATE:
O artigo “Olhar, Semear, Programar: práticas ressonantes entre arte e tecnologia” foi publicado no livro “Hiperorgânicos: Ressonâncias, arte hibridação e biotelemática”

Em3 by Barbara Castro

>>> Read this post in English

Em3 é uma instalação interativa em que o público pode entrar em contato com o corpo da artista através da mediação da obra. Nesta instalação continuei utilizando o kinect como sensor para captura de movimentos em tempo real. Para desenvolvimento da obra, registrei uma coreografia criada a partir de poses e movimentos em que a resposta do sensor era diferente da que esperava. Desta forma, valorizamos a “margem de indeterminação” da máquina, pois acreditamos que ao fazê-lo estamos possibilitando que o sensor artificial contribua com a experiência artística, pois apresenta novas formas de percepção do corpo humano, distinta das nossas. Assim, a instalação apresenta duas projeções. A primeira trata-se de grafismos, vetores projetados por trás de um espelho falso, de forma que o interator possa vê-los junto a sua própria imagem, seu reflexo. A segunda é a silhueta do corpo digitalizado da artista, que também se apresenta refletida no espelho falso. Os grafismos se atualizam a partir de diversos parâmetros para formar as visualizações.

A principal característica está baseada na comparação do corpo do interator com os dados digitalizados de meu corpo. A semelhança ou diferença entre estes dois corpos ditam os dois principais modos de visualização, que seriam pontos ou esqueletos. Caso a instalação considere os corpos em poses semelhantes, os esqueletos aparecem, caso contrário, podemos ver seus pontos se movimentando no espaço, formando uma massa em um corpo coletivo. Desta forma, os corpos se unem justamente por sua heterogeneidade, valorizando a diferença do movimento dos corpos físicos, mas também a da percepção humana e maquínica. Outros fatores que influenciam na visualização é a margem de indeterminação da máquina que aumenta a pregnância do ponto em questão com um grande círculo. Há também a criação de vínculos entre os dois corpos, conforme eles se aproximam. Entenda melhor a instalação no video a seguir.

O desenvolvimento de Em3 está baseado no conceito de intervalo corpóreo delineado ao longo da minha dissertação de mestrado, conceito este que será resumido em artigo a ser apresentado no Re-new Digital Arts Festival em outubro, na Dinamarca.

Original Soundtrack: Cadu Sampaio

——-

Em3 is an interactive installation in which the public can contact the artist’s body through the mediation of the artwork. This installation is the final experiment of a theoretical and practical research conducted over two years, that investigated the relationship of bodies mediated by sensors in order to obtain my Master of Art title. On the occasion, the Microsoft Kinect 3D camera was used as a sensor due to it’s human movement recognition algorithm. The installation confronts artist’s and interactors bodies as scanned data in two projections. The first one presents graphics, generated from the relationship of the two bodies and are back projected on an one-way-mirror, so that the interactor can see them along with his/her reflection. The second one is the silhouette of the previously recorded artist’s body, which also reflects in the mirror. The graphics are updated from various parameters into dynamic visualizations styles. The main point is based on the comparing of artist’s and interactor’s bodies. In order to develop the artwork, a choreography was created and recorded out of poses and movements that the sensor response was different from what we would expect. The similarity or difference between these two bodies toggles between the two main visualization modes. If the installation consider the bodies in similar poses, their skeletons representations would appear, otherwise, we could see their joints moving in space, morphing into a mass as a collective body. The provocation is in the kind of movement made in the artist’s choreography. Some of the movements were made in a way that the sensor would not recognize, so that the machine can show new perceptions of our body. Therefore, even if the interactor tried to copy the virtual body, the comparison will not be stable, because the virtual body is not a copy of the human body as the interactor is used to. In fact, the virtual body is subordinated to the perception of artificial sensory system. Thus, the bodies joints are combined precisely because of its heterogeneity, emphasizing the difference of motion of the physical bodies, but also of human and machinic perception.

The development of Em3 is based on the concept of ‘Corporeal Interval’ outlined throughout my Master’s Thesis. This concept will be summarized in a paper to be presented at Re-new Digital Arts Festival in October in Denmark.

Padrões corporais – o corpo em massa de Claudia Rogge

Claudia Rogge é uma artista alemã que trabalha a visualidade do corpo em fotografias. A criação de padronagens irregulares através da multiplicidade de corpos leva nosso olhar a buscar as similaridades e diferenças entre os corpos fotografados. Podemos identificar duas linhas de trabalho em suas fotos, uma em que assume a diferença entre os corpos e cria imagens mais orgânicas em formatos mais diferenciados, mas que são visualmente muito semelhantes seja na cor do cabelo, da pele, da roupa. A segunda seria o corpo como elemento para um padrão, que se repete e se encaixa criando uma estrutura visual de repetição, como em um cartema. Ambos os tipos instigam nosso olhar em busca da compreensão do corpo entre diferença e repetição

Imagem

 

Imagem

Imagem

20158b

pattern-and-masses-claudia-rogge-gessato-gblog-slide

rogge19.

ENTRE:UM performance em duas temporalidades de um mesmo corpo

Após apresentar minha última instalação ENTRE na Mostra Imagem Experimento, fui provocada por Malu Fragoso a transformá-la em uma performance para a exposição EmMeio#4.0 no Museu Nacional da República de Brasília, na ocasião do 11 Encontro Internacional de Arte e Tecnologia (#11ART). A possibilidade de expor minha relação pessoal com meu trabalho me deixou empolgada, pois não só poderia mostrar um pouco mais do meu processo criativo, mas sobretudo a minha relação com o tipo de sensor que utilizo, o kinect. Essa oportunidade é muito importante para mim, pois minha dissertação trata da sensibilidade artificial e a relação de nosso corpo com ela na experiência artística em instalações interativas. Para esta performance contei com o apoio de meu amado Cadu Sampaio para o desenvolvimento do som.

Para desenvolver a performance separei em seis momentos. Início (1) entro em cena, meu corpo é capturado apenas como imagem, como em um reflexo, o som que se sobressai é o de minha voz, som do meu corpo. Depois meu corpo aparece na forma de dados (2), o som já se tornou digital, sons pontuais assim como minha figura digitalizada. Neste momento procuro me relacionar com este sensor, tentando provocá-lo. Esta etapa reflete todo o meu ano de experimentações com o kinect, meu processo de desenvolver uma instalação em que a primeira pessoa a testar incessantemente sou eu mesma. Neste meio tempo pude perceber as peculiaridades do sensor, aqui procuro não me referir a estas como limitações, mas apenas a este tipo de sensibilidade artificial). Assim procuro movimentos mais rápidos ou que escondam parte de meu corpo, tentando provocar o sensor a “errar” meu corpo, mas ao mesmo tempo buscando sempre seguir o que ele acredita ser meu corpo, um jogo “coreográfico” com a máquina. Assim, saio de cena (3), e fica evidente agora para o público que meu corpo estava sendo capturado e a cena agora possui um corpo presente apenas virtualmente. Em termos sonoros, o som continua o mesmo apenas um pouco mais distante. Quando retorno a cena (4) posso explorar o espaço buscando me relacionar com o meu corpo anterior. Esta relação se apresenta de forma visual e sonora a cada vez que me aproximo do local onde estaria meu corpo anterior.

É aí que meu corpo é dividido (5) como na instalação ENTRE, metade imagem e metade dados, porém desta vez esta divisão não está fixa e acompanha meu corpo. O som permanece o mesmo das conexões, acrescentando um efeito para quando os lados se alternam. Por último, o tempo-presente deixa de ser o único em evidencia e aos poucos, o intervalo entre meu corpo-de-agora e meu corpo-anterior vai preenchendo toda a projeção (6), como se esses corpos agora juntos já tivessem ocupado todo este espaço da performance.

O resultado da performance pode ser visto a seguir:

ENTRE:UM performance from Barbara Castro

 

Parangolés de Luz? – Second Skin


 

Second Skin is a wearable of light that was used in the choreographs in the event 100 dancers from Live Art Intallations project.

 

Second Skin são mantas de luz que reagem ao movimento desenvolvidas por Delphine PiaultColine Fontaine, Marlene Fischer, Zeynep Sen, Nina Wester, do coletivo Diffus. O protótipo foi exposto durante o evento 100 dancers, um forum internacional que reuniu dançarinos, coreógrafos, músicos e artistas em Copenhagen, Dinamarca em Agosto de 2011. O evento faz parte do projeto Live Art Installations que forma equipes transdisciplinares para realização de instalações e espetáculos na fronteira entre dança e tecnologia.


 
O trabalho me lembrou muito os famosos Parangolés de Hélio Oiticica, seria como uma versão hightech do parangolé, que inclui luzes, e retira o samba abrindo lugar para improvisação completa do corpo (embora isso também fosse permitido em HO).
 

Este slideshow necessita de JavaScript.

Ghostcatching – explorando o desenho

Ghostcatching is a video that fuses dance, drawing, and computer composition.

“So, we may ask: What is human movement in the absence of the body? Can the drawn line carry the rhythm, weight, and intent of physical movement?”

Bill T. Jones – the dancer

O vídeo Ghostcatching veio a partir de uma inquietação de Paul Kaiser ao observar crianças desenhando. O artista, que integra o OpenEndedGroup percebeu que tinha mais fascínio pelo ato de desenhar das crianças do que pelo desenho em si. A partir deste momento começou a explorar este momento da formação do desenho.

Após passar por um estágio de explorar este desenho através do tempo (animação), começaram a se instigar na formação deste desenho pelo espaço. A partir daí, o projeto começou a se aproximar do universo da dança, buscando referências em experimentos e conceitos do artista teatral Robert Wilson e do dançarino e coreógrafo Merce Cunningham.

O grupo então, se uniu ao dançarino Bill T. Jones para desenvolver GhostCatching em 1999. O projeto utilizou a captura de movimento para explorar este desenho do corpo. O interessante é que ao discutir o projeto com o dançarino e coreógrafo William Forsythe, Paul Kaiser mais uma vez se surpreendeu com a descrição do movimento e da coreografia através da transformação de uma geometria invisível. Para execução do projeto, o grupo convidou o dançarino Bill T. Jones para performar. O dançarino duvidou que somente os sensores utilizados(bolinhas brancas) fossem conseguir captar toda a complexidade do movimento, o corpo então também foi representado em desenho. A dança foi trabalhada com computação gráfica enfatizando certos movimentos de determinadas partes do corpo, gerando o esperado desenho do movimento. Além disso, o corpo do dançarino foi multiplicado, no palco virtual. O resultado pode ser visto a seguir. Para quem tiver mais interesse, todo o processo está descrito de uma forma muito interessante em um texto que está disponível no site do grupo.

Em 2010, o grupo revisitou o projeto, atualizando a imagem tridimensional com maiores detalhes e texturas.

Baudi(o) Painting and Stars Sung

Baudi(o) Paintings and Stars Sung are some of Jason’s Levine performances. The artist researches the boundaries between music and technology and in the last years has incremented his performances with interactive video and light. The result is an integration of visuality, body movement and voice.

Baudi(o) Painting e Stars Sung são performances de Jason Levine, artista, músico e programador. Pesquisando a interseção entre música e tecnologia, nos últimos anos, Jason se envolveu também com iluminação e vídeo interativos. O resultado é uma integração entre visualidade, movimentação corporal e voz

Seus sistemas reagem tanto ao som de sua voz, que varia entre beatbox e um canto “gutural”, quanto a sua movimentação. Tenho o mesmo interessa nas artes performativas, teatro, música e dança. Podemos pensar em cenografia interativa que esteja relacionada diretamente as ações do performer ou até do público.

Gravity Shift

Gravity Shift surgiu da constatação de que apesar da utilização de técnicas teatrais como vôos suspensos em espetáculos de dança e teatro, a percepção da força da gravidade permanece constante.

A partir disso o artista digital Nic Sandiland e o coreógrafo Yael Flexer desenvolveram uma instalação para apresentação de uma performance e uma vídeo-dança. O resultado foi uma plataforma móvel com uma câmera fixa. Portanto pode ser visto de dois pontos de vista. Para um espectador presente, sua visão em ângulo “natural” percebe as variações deste chão. Para um espectador telemediado o ângulo do chão permanece o mesmo em corpos com movimentos inesperados.

Mais uma vez nos deparamos com a necessidade de se estar presente para ter maior compreensão da obra. Gostaria de ter maior acesso ao vídeo filmado do ponto de vista fixo. Não sei se houve a concepção de um espetáculo completo utilizando a máquina desenvolvida. Os potenciais são enormes. Ultimamente tenho pensado muito em como se desenvolver poéticas que revelem estas forças externas aos nossos corpos e mentes, e da nossa constante adaptação e relação com elas e com nossos desejos. É interessante perceber que em arte e tecnologia muitas vezes nos deixamos levar pelo processo e ao finalizar o desenvolvimento da “máquina” nos perdemos no investigar de nossas próprias potencialidades que resultam na arte em si. Neste caso, a instalação pode ser apenas uma proposta para qualquer pessoa, ou pode se desenvolver um espetáculo específico para esta situação, ambas as possibilidades são válidas. E isto se aplica a muitas das obras interativas, principalmente as que aproximam do espetáculo e da performance.

—–>> UPDATE O video anterior foi retirado do Youtube, mas encontrei uma nova versão no vimeo 21/02/2013

Cinematique

O espetáculo Cinematique da companhia francesa Adrien M, explora as relações do corpo com o imaginário.

“Linhas, parágrafos, letras, objetos digitais projetados em superfícies planas, tecem espaços poéticos imaginários que abraçam o corpo e o gesto.”

O espetáculo brinca com nossa capacidade criativa a partir da liberdade oferecida pelo infinito de nossas mentes.

Cinematique – trailer from Adrien Mondot on Vimeo.